Quem são seus Orixás de cabeça – e quando é a hora certa de buscar essa informação?

PTBR: Na Umbanda, poucas perguntas despertam tanta curiosidade quanto: “quem é o meu Orixá de cabeça?”. Para muitos, essa descoberta é como desvendar um mistério rumo ao autoconhecimento profundo, quase como se permitisse compreender a própria história espiritual em uma única resposta. Agora que sabemos que 2026 será regido por Ogum e Iansã e que essas forças influenciarão de maneira marcante o ano com movimento, corte, limpeza e transformação, essa curiosidade tende a crescer ainda mais. Mas, dentro da Umbanda, especialmente na experiência vivida no TUEG, descobrir seu Orixá não é um desejo imediato. É um processo de maturidade espiritual – então, calma lá!

A revelação do Orixá de cabeça é uma etapa muito séria da caminhada umbandista. Não é simplesmente sobre se identificar com características, não é sobre simpatia estética, nem sobre tentar encontrar semelhanças entre personalidade e arquétipos. É um caminho de fé, disciplina e vivência real dentro do terreiro.

Qual a função dos seus Orixás de cabeça?

Antes de seguir adiante, é importante esclarecer que dentro da Umbanda somos filhos de todos os Orixás. Cada um deles influencia a nossa vida de alguma forma, seja por afinidade, pela energia que se aproxima em determinados momentos ou pela força que responde às nossas necessidades. Quando buscamos acolhimento, por exemplo, é comum recorrermos à Iemanjá. Quando buscamos amor-próprio, à Oxum. Quando precisamos de abertura de caminhos, a Ogum. Todas essas forças atuam sobre nós em diferentes camadas e momentos da vida, não é verdade? Por isso, saber quem está na coroa não elimina o diálogo e a relação com todos os Orixás que compõem as sete linhas.

Dito isso, agora sim vamos refletir: afinal, qual é a função dos Orixás de cabeça – e por que os umbandistas têm tanta curiosidade em obter essa informação? Bem, cada Orixá desperta admiração por representar forças simbólicas que reconhecemos em nós mesmos – como coragem, sensibilidade, firmeza, alegria e disciplina. Então, é natural que queiramos saber quem são os “responsáveis” pela nossa jornada espiritual, ainda mais se já sentimos maior afinidade com uma ou mais dessas energias.

No TUEG, o Orixá de cabeça é também chamado de Orixá de frente. É a força espiritual que orienta e estrutura a essência do médium. Ao seu lado está o Orixá juntó, também chamado de adjunto, que complementa e equilibra a energia principal. Além desses, existem outros Orixás que compõem o conjunto energético, como o Orixá de caminho, o positivo, o negativo e o de placenta (mencionados aqui apenas para fins de compreensão geral).

O Orixá de placenta é o único que não muda ao longo das encarnações, pois acompanha o espírito em todas as suas vidas. Já os Orixás de frente podem mudar conforme a missão espiritual, os caminhos percorridos e os processos de transformação que acontecem ao longo da jornada do médium. Isso significa que a composição da coroa pode se reorganizar de acordo com a maturidade espiritual, com responsabilidades assumidas e com o desenvolvimento mediúnico. Em alguns momentos, a caminhada evolutiva de uma pessoa pode exigir uma nova força predominante e fazer com que um Orixá tome à frente, enquanto  outro se retira em favor desta jornada.

Como descobrir quem são seus Orixás de cabeça?

A revelação acontece de forma gradual e cuidadosa. Nasce da vivência constante no terreiro, do vínculo com a casa e do relacionamento construído com a espiritualidade. Não é um movimento imediato. Ele se forma aos poucos, conforme o médium participa das giras, aprende a sentir sua própria energia e se abre para seu desenvolvimento espiritual.

O primeiro passo é a convivência com os trabalhos espirituais. Durante as giras, os guias observam o comportamento vibratório do médium. Percebem como ele reage às diferentes linhas, analisam sua sensibilidade, seu modo de caminhar dentro da energia do terreiro e sua interação com tudo que se manifesta espiritualmente. Cada detalhe contribui para que a espiritualidade compreenda quais forças o acompanham desde sempre.

Com o tempo, essa leitura espiritual se torna mais clara. Os guias passam a perceber qual energia orienta a personalidade do médium, qual Orixá atua com mais intensidade e qual conjunto sustenta sua caminhada. E, vale lembrar, a vivência mediúnica ajuda, mas não substitui a confirmação espiritual. Mesmo que você sinta grande afinidade com determinados Orixás ou reconheça sua energia constantemente, isso não significa que estejam na sua coroa.

Em alguns terreiros, a confirmação pode vir por meio do jogo de búzios, sempre conduzido por alguém autorizado. Em outros, a própria espiritualidade da casa identifica e comunica no momento adequado.

Quando é a hora certa de saber quem são seus Orixás de cabeça?

No entendimento do Pai Marcos, sacerdote do TUEG, Iemanjá e os erês ficam encarregados de acompanhar e proteger a todos nós até completarmos aproximadamente sete anos de idade. A partir daí, os Orixás começam a se aproximar e influenciar verdadeiramente a caminhada do médium.

A hora certa de conhecer seus Orixás chega quando o vínculo com o terreiro está firme, quando a espiritualidade faz parte da rotina e quando existe preparo emocional e espiritual para acolher essa revelação. É um processo que amadurece por dentro antes de aparecer por fora.

A busca não deve nascer da ansiedade. Ela floresce quando já existe entrega, constância e confiança no caminho. Na Umbanda, tudo acontece no tempo exato em que deve acontecer. Quando a espiritualidade percebe que o médium está pronto para assumir essa força com responsabilidade, a resposta chega com clareza e serenidade.

Até lá, a melhor preparação é viver o terreiro plenamente. Participar das giras, aprender com os guias, fortalecer sua energia e permitir que a espiritualidade conduza o processo com cuidado. A revelação não é o início da jornada. É o resultado natural de um caminho de fé.

Que cada filho encontre seu tempo. Que a espiritualidade ilumine cada passo. E que, quando a resposta chegar, traga a certeza amorosa de que essa força sempre esteve ali, acompanhando você.

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EN: Who are your Orixás de Cabeça (primary guiding Orixás) - and when is the right time to find that out?

In Umbanda, few questions spark as much curiosity as “who is my Orixá de cabeça?”. In English, Orixás de Cabeça can be understood as the primary guiding Orixás that shape a person’s spiritual essence and life journey. For many, this discovery feels like unveiling a profound mystery of self-knowledge, almost as if one could understand their entire spiritual history in a single answer. Now that we know 2026 will be guided by Ogum and Iansã, and that these forces will strongly influence the year with movement, cutting away what no longer serves, cleansing and transformation, this curiosity tends to rise even more. Yet within Umbanda, especially in the experience we cultivate at TUEG, discovering your Orixá is not an immediate wish to be fulfilled. It is a process of spiritual maturity, so patience is essential.

The revelation of the Orixá de cabeça is a very serious step in the umbandista path. It is not about identifying with certain traits, nor about aesthetic preference, nor about looking for personality similarities with archetypes. It is a journey of faith, discipline and real lived experience inside the terreiro.

What is the role of your Orixás de cabeça?

Before going further, it is important to clarify that in Umbanda we are held by all Orixás. Each of them influences our lives in different ways, whether through affinity, through energies that approach us at certain moments, or through the force that responds to our needs. When we seek comfort, for example, it is common to turn to Iemanjá. When we seek self-love, Oxum. When we need paths to open, Ogum. All these forces act upon us in different layers and moments of life. For this reason, knowing who stands on your coroa (your spiritual crown) does not replace the dialogue and relationship you build with all the Orixás that form the seven lines.

With that said, we can reflect on the question itself: what exactly is the function of the Orixás de cabeça, and why are umbandistas so curious about this information? Each Orixá inspires admiration for representing symbolic forces that we recognise in ourselves, such as courage, sensitivity, determination, joy and discipline. It is natural to want to know who the “responsible” ones are in your spiritual journey, especially if you already feel drawn to one or more of these energies.

At TUEG, the Orixá de cabeça is also called the Orixá de frente. This is the spiritual force that guides and structures the essence of the umbandista who serves in the works. Alongside it is the Orixá juntó (also known as the adjunto), which complements and balances the main energy. Beyond these, other Orixás form your energetic composition, such as the Orixá de caminho, the positive, the negative and the Orixá de placenta (mentioned here only for overall understanding).

The Orixá de placenta is the only one that does not change across lifetimes, as it accompanies the spirit throughout all its incarnations. The Orixás de frente, however, can change according to your spiritual mission, the paths you take and the transformation processes that unfold throughout the journey of the umbandista who serves in the works. This means the structure of the crown may reorganise itself according to spiritual maturity, responsibilities embraced and the person’s mediunic development. At certain points, someone’s evolutionary path may require a new predominant force, allowing one Orixá to step forward, while other steps back in support of that journey.

How do you find out who your Orixás de cabeça are?

The revelation takes place gradually and with care. It is born from regular participation in the terreiro, from your bond with the house and from the relationship you build with the spiritual realm. It is not an immediate movement. It forms slowly as the member of the house takes part in the giras (the ceremonial spiritual gatherings of the terreiro), learns to feel their own energy and opens themselves to their spiritual development.

The first step is consistency in spiritual work. During the giras, the guias (the spirits who support, guide and work through each umbandista of the house) observe the vibratory behaviour of each worker. They notice how they react to the different lines of work within the seven lines of Umbanda, study their sensitivity, observe how they move within the energy of the terreiro and how they interact with all that manifests spiritually. Every detail helps the spiritual plane recognise which forces have accompanied them from the beginning.

Over time, this spiritual reading becomes clearer. The guias begin to identify which energy guides the person’s personality, which Orixá acts with greater intensity, and which combination sustains their journey. And it is important to remember that lived spiritual experience helps but does not replace spiritual confirmation. Even if you feel deeply connected to certain Orixás or sense their energy often, that does not necessarily mean they sit on your coroa.

In some terreiros, confirmation may come through the jogo de búzios (a traditional form of shell divination, also known as Ifá divination with shells or Diloggun divination), always conducted by someone authorised. In others, the house’s own spiritual hierarchy identifies and communicates this at the appropriate moment.

When is the right moment to know who your Orixás de cabeça are?

According to Pai Marcos, the pai de santo and spiritual leader of TUEG, Iemanjá and the Erês (childlike spiritual beings) watch over and protect us until we are around seven years old. From that point onward, the Orixás begin to draw nearer and truly influence the journey of the person who later becomes an umbandista who serves in the works.

The right moment to learn who your Orixás are comes when your bond with the terreiro is firm, when spirituality is part of your routine and when there is emotional and spiritual preparedness to welcome this revelation. It is a process that matures internally before it appears externally.

This search should not come from anxiety. It emerges naturally when there are already commitment, consistency and trust in the path. In Umbanda, everything happens at the exact time it is meant to. When the spiritual plane perceives that the member of the house is ready to carry this force with responsibility, the answer arrives with clarity and serenity.

Until then, the best preparation is to live the terreiro fully. Take part in the giras, learn from the guias, strengthen your energy and allow the spiritual realm to guide the process with care. The revelation is not the beginning of the journey. It is the natural outcome of a path built through faith.

May each person find their own timing. May the spiritual plane illuminate every step. And when the answer arrives, may it bring the loving certainty that this force has always been there, walking beside you.